Numa altura em que todos, sem excepção, fazem contas à vida, do custo/benefício de determinadas intervenções públicas e ou privadas, e mesmo do foro pessoal, faz-me espécie constatar o domínio da hipocrisia em matérias que, à partida, deveriam ser do senso daqueles que têm formação ou acção pública, social, empresarial e económica e que, face às circunstâncias, deviam equacionar estes mesmos factores.
Vi e ouvi na RTP Açores, há semanas o debate em que se falou justamente na questão custo/benefício do cais de cruzeiros de Angra. E mais: Das vantagens e desvantagens da requalificação urbana às vivências urbanas, sob pena de se criarem espaços de pura marginalização...
Em comparação - porque aqui, infelizmente, e dado o enfoque do "bota abaixo" político e meramente de cor partidária, que tenho visto desfilar em artigos de opinião, que quanto mais se publicam na comunicação impressa, mais me fazem crer do ruído e do desajeitado contra-informação dos novos e alegados "spin doctors" dos MEDIA...
Dizia eu, em comparação, a que deve ser feita com obras como o cais de Angra, das SCUT e mesmo da Fajã do Calhau (!!!), pergunto-me de tanto alarido à volta de uma questão como é o caso da possível construção de uma central de camionagem na Rua de Lisboa, em Ponta Delgada, que é uma obra necessária e só quem não usa os transportes públicos é que não sabe ou não quer saber disso?
Volumetrias à parte e impactos ambientais, que podem muito bem e devem ser (re)equacionados, que de mais há para discutir sobre uma obra que é benéfica para a cidade e sobretudo para quem usa os transportes públicos?
Durante 25 anos não conheci outro meio de deslocação que não as camionetas, tanto que ainda sei de cor alguns horários...
Hoje, vivo no centro da cidade e - imagine-se! - numa rua onde desfila cada vez mais cheia de si, a droga e a marginalização, quase em cima do Largo 2 de Março e mesmo ao lado da Rua de Lisboa.
E o que vejo e sinto actualmente? Um conjunto de guetos urbanos, mesmo em frente ao fechar de olhos de um palácio governamental, ao longo da Rua de Lisboa, da Rua de São Miguel, do Figueiredo e da Tabacaria Açoreana, da Rua Machado dos Santos, e do Supermercado Manteiga, policiado ao fim-de-semana, tal é o deserto... Locais, cuja passagem a pé ao fim do dia e aos fins-de-semana, merecem dos sentimentos de quem ali passa um autêntico misto de perigo e de aventura, tal é a massa de marginalização urbana em crescente expansão.
Das três, nenhuma: Ou não se faz porque não se quer fazer ou não se deve fazer, porque a alternativa proposta não fez parte de uma qualquer promessa de campanha eleitoral, tal como aconteceu em Angra, para onde se anunciou a grande obra que se quer fazer e que nem se diz como fazer, ou não se faz porque alguém, maior do que as bocas da reacção, não quer que se faça, para que Ponta Delgada caminhe para o deserto da margem Sul da ilha, porque o governo local não é da cor política de quem governa.
A discussão que se assiste em Angra - reconheceram os intervenientes do debate do Estado da Região - é, neste momento, meramente "estéril e académica". E o alarido à volta de uma central de autocarros, será o quê? Histérico?
Bom dia e que venham os anónimos do costume que eu cá fico a pensar em mais algumas outras coisas realmente importantes.
Etiquetas: Quem fala a verdade não janta cá hoje
Isto é que é arrogância!
À partida, já está a desvalorizar os comentários de quem aqui se der ao trabalho de procurar desmontar argumentos fracos, sectários e (parece) que encomendados por quem foi, afinal, a grande responsável pela desertificação de Ponta Delgada.
Por mim, passo. E, já agora, Luísa, espero que não atire para o lixo este comentário, como costuma fazer aos que não lhe agradam.
Meus, já foram dois.