quinta-feira, outubro 08, 2009
Os irresponsáveis que mancharam a imagem da SATA

Foi tornado público esta quarta-feira o relatório intercalar do incidente ocorrido 4 de Agosto com o Airbus A320 “Diáspora” da SATA.

Independentemente das questões técnicas relatadas pelos investigadores, o que o documento confirma, acima de tudo, é algo que já se suspeitava: a administração da SATA e o governo regional tentaram ocultar este incidente.

O incidente ocorreu a 4 de Agosto. Os danos estruturais no “Diáspora” foram detectados dois dias depois. Mas o GPIAA só “foi notificado do acidente (…) às 17:00 horas do dia 17 de Agosto de 2009”, refere o relatório.

Ora, a SATA estava legalmente obrigada a notificar o incidente ao GPIAA e ao INAC no prazo máximo de 48 horas. Não o fez.

E por que motivo é que a companhia comunicou o caso apenas a 17 de Agosto? A explicação é simples.

Porque foi nesse dia que a situação veio a público, através da Antena 1/Açores, embora os contornos do caso ainda não fossem claros.

Se o assunto nunca tivesse sido noticiado, a administração da SATA e o governo regional teriam ocultado o incidente da própria autoridade aeronáutica.

A lamentável tentativa de esconder o incidente prejudicou seriamente a confiança dos açorianos na SATA e o trabalho desenvolvido por muitas pessoas ao longo de décadas em prol da credibilidade da companhia.

A SATA é, provavelmente, a marca em que os açorianos mais acreditam e o seu prestígio foi abalado por pessoas irresponsáveis.

Um deles é o presidente do conselho de administração, António Gomes de Menezes, que faltou à verdade por mais que uma vez neste caso.

É lamentável que a SATA tenha um administrador faz-de-conta que demora 11 dias a notificar o incidente às autoridades, que começa por negar a existência de danos estruturais no avião e que chega a jurar a pés juntos que a notificação se fez a 7 de Agosto.

O outro é o secretário regional da Economia, Vasco Cordeiro, que foi cúmplice desta tentativa de ocultar o caso às autoridades.

Quando foi confrontado com a situação no parlamento, em Setembro, Vasco Cordeiro negou tudo e acusou, sem qualquer pudor, o PSD de irresponsabilidade. Agora, que a verdade é conhecida, vê-se quem é que é irresponsável.

O secretário regional da Economia tem que retirar as devidas consequências políticas deste caso.

É que com o nome da SATA não se brinca. E com a segurança das pessoas muito menos.

 
Postado por Rui Lucas em 10/08/2009 |


8 Comments:


  • 08 outubro, 2009 09:31, Anonymous Anónimo

    Depois os aviões desfragmentam-se no meio do Atlântico e ninguém faz ideia do motivo...

     
  • 08 outubro, 2009 12:19, Anonymous Anónimo

    Excelente postal ! Isto sim é análise feita pela pena do melhor jornalismo. Só estranho que mesmo no meio desta insatisfação generalizada ainda há quem faça o frete à SATA elogiando-a, em plena campanha eleitoral (!!!) com ditos panegíricos e dando louvores às "asas dos Açorianos" ! Noutras latitudes tal discurso e praxis laudatória seria tomado como retórica ao estilo dos sovietes. Por cá é normal ! O certo é que mesmo na terra dos sovietes tal vergonha teria já demandado o saneamento dos responsáveis por esta manipulação escandalosa dos tais Açorianos que andam, coercivamente, nas asas da SATA. Mas, à semelhança do barquinhos da Atlanticoline também aqui há "padrinhos" q.b. para ir amparando as "hard landaings" desta pandilha. Até quando ?
    JNAS

     
  • 08 outubro, 2009 13:34, Anonymous Anónimo

    O GPIAA já fez o upload da versão rectificada em http://www.gpiaa.gov.pt/cs2.asp?idcat=1928
    Vejam a página 4. Foi, de facto, no dia 07, como sempre foi dito. Sejamos justos na análise e ponderados nas afirmações. O relatório é bastante factual. A irresponsabilidade é de quem se precipita nas acusações.

     
  • 08 outubro, 2009 17:27, Blogger Rui Lucas

    O GPIAA alterou a meio do dia o conteúdo do relatório na parte relativa à notificação - embora a versão inicial se mantenha no site.

    Ficou a saber-se que o piloto notificou o GPIAA a 7 de Agosto.

    Mas a SATA só fez a notificação a 17 de Agosto.

    Segundo as regras do INAC, são obrigados a efectuar a notificação de um incidente o piloto comandante, o operador e o proprietário da aeronave.

    Está visto quem foi irresponsável.

     
  • 08 outubro, 2009 17:38, Anonymous Anónimo

    No Relatório rectificado do GPIAA não há menção alguma à data de 17 de Agosto, mas sim uma referência única à data de 07 de Agosto.

     
  • 08 outubro, 2009 22:54, Anonymous Anónimo

    O Lucas é tramado. Se eu fosse "responsável" não me metia com ele. É bem pior (melhor) do que o Manuel Moniz. A propósito como estará o processo judicial que foi prometido ao Manuel Moniz ?
    JNAS

     
  • 09 outubro, 2009 02:36, Blogger Rui Lucas

    A falta de transparência neste caso faz com que se desconfie de tudo.

    A versão inicial do relatório, que continua no site, refere que a SATA fez a notificação a 17 de Agosto por fax.

    A versão rectificada diz que o piloto notificou o GPIAA a 7 de Agosto.

    E fontes internas da SATA confirmam que a companhia procedeu à notificação a 17 de Agosto.

    Ou seja, as duas datas são verdadeiras. O piloto notificou no dia 7 e a SATA a 17 de Agosto.

    Por isso, o relatório rectificado precisa de uma rectificação. :)

    Recordo que comandantes e companhias são obrigados a notificar estes casos.

    A notificação feita pelo piloto não excluía a SATA de fazer o mesmo.

    Irresponsáveis, irresponsáveis, mil vezes irresponsáveis!

     
  • 29 abril, 2010 21:29, Blogger cristina

    e eu viajei nesse avião em Dezembro passado.....e parece que ainda não estava em condições...enfim!!!