segunda-feira, agosto 04, 2008
trabalhar para as estatísticas

Este fim de semana, segundo se lê num comunicado, a Polícia de Segurança Pública empenhou "dois Subcomissários, quatro Chefes/Subchefes e 23 Agentes bem como 10 viaturas policiais e 2 canídeos" durante uma operação realizada nas Sete Cidades e da qual resultou a apreensão de "0,33 gramas de heroína; 366,21 gramas de Liamba e 21,15 gramas de haxixe". Números ridículos, tendo em conta a dimensão da força mobilizada para a zona.
Neste local, uma vez que a operação foi montada por causa da realização de um festival, não terão estado mais de duas mil pessoas, pelo que os números desta súbita febre policial não deixam de contrastar com os dois polícias que foram enviados para acompanhar as mais de dez mil pessoas que se deslocaram a Vila Franca do Campo (o DJ do espectáculo teve direito a mais segurança policial do que os espectadores) ou os quase nenhuns que se deslocaram para a Ribeira Grande onde milhares e milhares de pessoas participaram, também este fim de semana, na Feira Medieval.
Com metade dos agentes a zelosa PSP, tenho a certeza, conseguiria fazer muito mais e melhor se perdesse meia manhã no Largo Mártires da Pátria ou nas zonas que rodeiam as Escolas Canto da Maia e Domingos Rebelo. Ou ali na Calheta, por exemplo.
Dizem-me, apesar de eu não querer acreditar, que existirá um acordo tácito entre a PSP e algumas comissões organizadoras de festejos para a não realização de operações STOP durante esses dias, de modo a não estragar o "espírito festivo".

 
Postado por nuno mendes em 8/04/2008 |


9 Comments:


  • 05 agosto, 2008 09:09, Blogger Jordão

    Preso por ter cão preso por não o ter! O que querem? “números ridículas” –1 grama de uma substancia que é o novo cancro da sociedade actual, fora do circuito comercial é uma vitória! As autoridades policiais têm feito um bom trabalho só não fazem mais porque não o podem!

     
  • 05 agosto, 2008 10:30, Blogger nuno mendes

    o sr. fica descansado porque quase duas dezenas de polícias conseguiram apreender uma quantidade miserável de drogas leves, numa intervenção claramente desproporcionada para os resultados apresentados, e da qual resultou apenas um gasto desnecessário de horas extraordinárias e de ocupação de meios que, seguramente, seriam bem mais necessários noutros locais.
    A mim o que me custa ver, é que a PSP para apreender menos de meia grama de heroína opte por ignorar, de forma quase permanente, locais onde se vende bem mais do que uma grama e de drogas bem mais cancerosas do que os números absolutamente ridículos dessa operação das sete cidades.
    Mas, o meu post nem sequer é sobre esse dado em concreto: o que eu gostava de saber é qual o critério que leva a PSP a centrar atenções num local onde estarão menos de duas mil pessoas e ignore o policiamento e a fiscalização de festas onde se encontram dezenas de milhares de pessoas.
    Ou qual o critério que leva a destacar dois agentes para um espaço com dez mil pessoas ao mesmo tempo que são destacados quatro agentes para a segurança do artista convidado?
    E já agora, porque será que nunca se realizam operações de controlo ao trânsito por ocasião de grandes deslocações de pessoas para a Lagoa, Vila Franca do Campo, Nordeste, Ribeira Grande ou Povoação? Se calhar a PSP acredita que nas festas organizadas por entidades públicas só se bebe água!

     
  • 05 agosto, 2008 13:32, Blogger Maria Brandão

    É o preconceito, por um lado, e o amiguismo, por outro :( Mt mau o aparato nas 7 Cidades!!!

     
  • 05 agosto, 2008 14:51, Blogger Jordão

    Isso tem muita piada – volto a repetir: preso por ter cão e preso por não o ter!
    O que queria que fizessem: fechar por completo as estradas que dão acesso a estas tais festas de Verão como em Lisboa onde não são raras as vezes que a PSP fecha por completo a 24 de Julho? Isso de afirmarem que a PSP está sujeita a pressões politicas é muito grave. Eles não fazem mais porque não pode! Dou-lhe só o exemplo da Ribeira Grande: no horário nocturno, estão 3 elementos de serviço, um fica na central, outro no carro patrulha e o ultimo no Centro de Saúde. Portanto como vêem é impossível fazer melhor! Quando à questão da tal festa grátis de 1€ na Vila, a organização é que solicitou o policiamento, ou seja é que pagou o serviço, logo como empresa (ainda por cima sabemos nós como trabalham) quer ter o menos despesas possíveis dai os 4 elementos para segurança pessoal do artista e o mínimo possível para garantir a segurança do publico em geral!

     
  • 05 agosto, 2008 17:38, Blogger nuno mendes

    caro jordão farias,

    vamos lá a ver se nos entendemos. eu não questiono a realização da dita operação nas sete cidades. questiono a desproporção dos meios tendo em conta os resultados apurados.
    Assim como, não sendo tolo, não posso deixar de estranhar que a PSP desloque para um local onde não estão mais de 1500 pessoas a quase totalidade do seu efectivo deixando ao abandono um local para onde se deslocavam entre 10 a 15 mil!
    Se bem percebo das suas palavras, não há agentes para patrulhar o que quer que seja na Ribeira Grande e em Vila Franca do Campo, mas haverá gente suficiente para o fazer se esses serviços forem pagos.
    E se tiverem de fechar por completo uma rua que dê acesso a uma qualquer festa de Verão? Qual é o problema? ah, pois, é uma chatice, as pessoas queixam-se.
    É mais fácil ir brincar à polícia para as sete cidades.

     
  • 06 agosto, 2008 09:53, Blogger Jordão

    Aonde é que é mais provável haver droga, condução sobre efeito de álcool, etc, numa festa onde deslocam-se famílias inteiras ou numa festa onde destinada a um publico jovem e fiquemos por aqui!

    Dessa vez foi as Sete Cidades para a próxima será noutro local – olha que tal logo nas Portas da Cidade, boa ideia, não acha?!

     
  • 06 agosto, 2008 11:30, Blogger nuno mendes

    Caro amigo,

    é só água que se bebe nesses locais onde se deslocam famílias inteiras. água e kimas de maracujá, alternadas com uma ou outra coca-cola.

    Quanto ao resto do seu raciocínio: isso gostava eu de ver, a PSP com coragem para importunar as festas dos nossos autarcas.

     
  • 07 agosto, 2008 17:02, Anonymous Anónimo

    Tenho de concordar: preso por ter e não ter, é certo! Mas não se percebe como é possivel que a quantidade de eventos que estão a surgir na ilha, são anunciados com tempo suficiente para haver uma preparação e correcto destacamento da PSP. Não terá de ser sempre requisitada. Se sabem que existem eventos com centenas de pessoas. Estranho é ver os gratificados que por aí andam, para esses existem sempre gente. E nem falo nas Portas do Mar, local que tem centenas estão a usufruir e nem um polícia. Sim queremos a presença deles, não é um segurança privado que intimida. E cada vez mais admito e sou apoiante de termos na ilha uma equipa da PSP-Intervenção, que ponham na linha muito menino, senhõres que partem, furam e pintam a manta por belo prazer. Mão pesada para esses. As desculpas estão a acabar, as pessoas estão saturadas.

    FBP

     
  • 08 agosto, 2008 23:47, Blogger Papio Cynocephalus

    é questão de se ver qual a câmara onde decorrem as festas...