quinta-feira, outubro 18, 2007
Assim se lixa a Língua

"Há uns dias, a propósito da apresentação em Ponta Delgada da ópera 'O Elixir do Amor', cá o Argolas ouviu uma verdadeira barbaridade de dicção, por mais do que uma vez e por mais do que um jornalista radiofónico (alguns deles com anos de experiência). Nas notícias e nos spots de divulgação, eles pronunciavam 'elichir', quando deviam pronunciar 'eliksir' (o termo 'elixir' vem do grego 'kseros' pelo árabe 'al-iksir'). Ficou muito feio. Quando a ignorância é demais não se percebe. Até porque a palavra “elixir” não é tão inusitada como isso. O pior é não ter dúvidas e nem se dar ao trabalho de consultar um bom dicionário."

Já por aqui escrevi que sou quase reaccionário na defesa da utilização correcta da Língua Portuguesa. A citação que surge neste post é de uma secção do Expresso das Nove em que é normal fazer-se críticas bem duras aos pontapés na gramática que por aí surgem. E muito bem, acrescento. Por isso não percebi esta argolada que transcrevo. Mas por que raio é que "elixir" se devia pronunciar "eliksir"? Isto sim é ignorância. Gostava de ver o "bom dicionário" que contém essa aberração. Eu cá não conheço nenhum. Mas para tirar dúvidas o melhor é dar uma vista de olhos aqui.

 
Postado por Rui Lucas em 10/18/2007 |


6 Comments:


  • 18 outubro, 2007 14:16, Anonymous Anónimo

    Discussão interessante sobre o som [X]pode ser lida aqui:
    http://forum.wordreference.com/showthread.php?t=175238

     
  • 18 outubro, 2007 15:30, Blogger Rui Lucas

    Muito obrigado, Mariana.

     
  • 18 outubro, 2007 17:16, Anonymous Anónimo

    Essa foi lixada!
    Hmmm... liksada, ou lichada?

     
  • 20 outubro, 2007 14:18, Blogger Luísa Silva

    Nada melhor do que liksar a língua com um bom eliksir.
    Sugiro Tantum Verde. Bom para matar as bactérias das gengivas, garganta, língua e dentes.
    Excelente eliksir!

     
  • 24 outubro, 2007 19:18, Anonymous Anónimo

    Antes de fazer a argolada, cá o Argolas consultou um doutorado em linguística, tendo este considerado que "elixir" se lê "eliksir" e não "elixir".

     
  • 26 outubro, 2007 11:22, Anonymous Anónimo

    Basta pum basta!!!
    Uma geração que consente deixar-se representar por um Argolas é uma geração que nunca o foi. É um coio d'indigentes, d'indignos e de cegos! É uma resma de charlatães e de vendidos, e só pode parir abaixo de zero!
    Abaixo a geração!
    Morra o Argolas, morra! Pim!
    Uma geração com um Argolas a cavalo é um burro impotente!
    Uma geração com um Argolas ao leme é uma canoa em seco!
    O Argolas é um cigano!
    O Argolas é meio cigano!
    O Argolas saberá gramática, saberá sintaxe, saberá medicina, saberá fazer ceias pra cardeais, saberá tudo menos escrever que é a única coisa que ele faz!
    O Argolas pesca tanto de poesia que até faz sonetos com ligas de duquesas!
    O Argolas é um habilidoso!
    O Argolas veste-se mal!
    O Argolas usa ceroulas de malha!
    O Argolas especula e inocula os concubinos!
    O Argolas é Argolas!
    O Argolas é Júlio!
    Morra o Argolas, morra! Pim!
    O Argolas fez uma soror Mariana que tanto o podia ser como a soror Inês ou a Inês de Castro, ou a Leonor Teles, ou o Mestre d'Avis, ou a Dona Constança, ou a Nau Catrineta, ou a Maria Rapaz!
    E o Argolas teve claque! E o Argolas teve palmas! E o Argolas agradeceu!
    O Argolas é um ciganão!
    Não é preciso ir pró Rossio pra se ser pantomineiro, basta ser-se pantomineiro!
    Não é preciso disfarçar-se pra se ser salteador, basta escrever como o Argolas! Basta não ter escrúpulos nem morais, nem artísticos, nem humanos! Basta andar com as modas, com as políticas e com as opiniões! Basta usar o tal sorrisinho, basta ser muito delicado, e usar coco e olhos meigos! Basta ser Judas! Basta ser Argolas!
    Morra o Argolas, morra! Pim!
    O Argolas nasceu para provar que nem todos os que escrevem sabem escrever!
    O Argolas é um autómato que deita pra fora o que a gente já sabe o que vai sair... Mas é preciso deitar dinheiro!
    O Argolas é um soneto dele-próprio!
    O Argolas em génio nem chega a pólvora seca e em talento é pim-pam-pum.
    O Argolas nu é horroroso!
    O Argolas cheira mal da boca!
    Morra o Argolas, morra! Pim!
    O Argolas é o escárnio da consciência!
    Se o Argolas é português eu quero ser espanhol!
    O Argolas é a vergonha da intelectualidade portuguesa!
    O Argolas é a meta da decadência mental!
    E ainda há quem não core quando diz admirar o Argolas!
    E ainda há quem lhe estenda a mão!
    E quem lhe lave a roupa!
    E quem tenha dó do Argolas!
    E ainda há quem duvide que o Argolas não vale nada, e que não sabe nada, e que nem é inteligente, nem decente, nem zero!
    Vocês não sabem quem é a soror Mariana do Argolas? Eu vou-lhes contar:
    A princípio, por cartazes, entrevistas e outras preparações com as quais nada temos que ver, pensei tratar-se de soror Mariana Alcoforado a pseudo autora daquelas cartas francesas que dois ilustres senhores desta terra não descansaram enquanto não estragaram pra português, quando subiu o pano também não fui capaz de distinguir porque era noite muito escura e só depois de meio acto é que descobri que era de madrugada porque o bispo de Beja disse que tinha estado à espera do nascer do Sol!
    A Mariana vem descendo uma escada estreitíssima mas não vem só, traz também o Chamilly que eu não cheguei a ver, ouvindo apenas uma voz muito conhecida aqui na Brasileira do Chiado. Pouco depois o bispo de Beja é que me disse que ele trazia calções vermelhos.
    A Mariana e o Chamilly estão sozinhos em cena, e às escuras, dando a entender perfeitamente que fizeram indecências no quarto. Depois o Chamilly, completamente satisfeito, despede-se e salta pela janela com grande mágoa da freira lacrimosa. E ainda hoje os turistas têm ocasião de observar as grades arrombadas da janela do quinto andar do Convento da Conceição de Beja na Rua do Touro, por onde se diz que fugiu o célebre capitão de cavalos em Paris e dentista em Lisboa.
    A Mariana que é histérica começa a chorar desatinadamente nos braços da sua confidente e excelente pau de cabeleira soror Inês.
    Vêm descendo pla dita estreitíssima escada, várias Marianas, todas iguais e de candeias acesas, menos uma que usa óculos e bengala e ainda toda curvada prá frente o que quer dizer que é abadessa.
    E seria até uma excelente personificação das bruxas de Goya se quando falasse não tivesse aquela voz tão fresca e maviosa da Tia Felicidade da vizinha do lado. E reparando nos dois vultos interroga espaçadamente com cadência, austeridade e imensa falta de corda... Quem está aí?... E de candeias apagadas?
    - Foi o vento, dizem as pobres inocentes varadas de terror... E a abadessa que só é velha nos óculos, na bengala e em andar curvada prá frente manda tocar a sineta que é um dó d'alma o ouvi-la assim tão debilitada. Vão todas pró coro, mas eis que, de repente, batem no portão sem se anunciar nem limpar-se da poeira, sobe a escada e entra plo salão um bispo de Beja que quando era novo fez brejeirices com a menina do chocolate.
    Agora completamente emendado revela à abadessa que sabe por cartas que há homens que vão às mulheres do convento e que ainda há pouco vira um de cavalos a saltar pla janela. A abadessa diz que efectivamente já há tempos que vinha dando pela falta de galinhas e tão inocentinha, coitada, que naqueles oitenta anos ainda não teve tempo pra descobrir a razão da humanidade estar dividida em homens e mulheres. Depois de sérios embaraços do bispo é que ela deu com o atrevimento e mandou chamar as duas freiras de há pouco com as candeias apagadas. Nesta altura esta peça policial toma uma pedaço d'interesse porque o bispo ora parece um polícia de investigação disfarçado em bispo, ora um bispo com a falta de delicadeza de um polícia d'investigação, e tão perspicaz que descobre em menos de meio minuto o que o público já está farto de saber - que a Mariana dormiu com o Noel. O pior é que a Mariana foi à serra com as indiscrições do bispo e desata a berrar, a berrar como quem se estava marimbando pra tudo aquilo. Esteve mesmo muito perto de se estrear com um par de murros na coroa do bispo no que se mostrou de um atrevimento, de uma insolência e de uma decisão refilona que excedeu todas as expectativas.
    Ouve-se uma corneta tocar uma marcha de clarins e Mariana sentindo nas patas dos cavalos toda a alma do seu preferido foi qual pardalito engaiolado a correr até às grades da janela gritar desalmadamente plo seu Noel. Grita, assobia e rodopia e pia e rasga-se e magoa-se e cai de costas com um acidente, do que já previamente tinha avisado o público e o pano cai e o espectador também cai da paciência abaixo e desata numa destas pateadas tão enormes e tão monumentais que todos os jornais de Lisboa no dia seguinte foram unânimes naquele êxito teatral do Argolas.
    A única consolação que os espectadores decentes tiveram foi a certeza de que aquilo não era a soror Mariana Alcoforado mas sim uma merdariana-alArgolascufurado que tinha cheliques e exageros sexuais.
    Continue o senhor Argolas a escrever assim que há-de ganhar muito com o Alcufurado e há-de ver que ainda apanha uma estátua de prata por um ourives do Porto, e uma exposição das maquetes pró seu monumento erecto por subscrição nacional do "Século" a favor dos feridos da guerra, e a Praça de Camões mudada em Praça Dr. Júlio Argolas, e com festas da cidade plos aniversários, e sabonetes em conta "Júlio Argolas" e pasta Argolas prós dentes, e graxa Argolas prás botas e Niveína Argolas, e comprimidos Argolas, e autoclismos Argolas e Argolas, Argolas, Argolas, Argolas... E limonadas Argolas- Magnésia.
    E fique sabendo o Argolas que se um dia houver justiça em Portugal todo o mundo saberá que o autor de Os Lusíadas é o Argolas que num rasgo memorável de modéstia só consentiu a glória do seu pseudónimo Camões.
    E fique sabendo o Argolas que se todos fossem como eu, haveria tais munições de manguitos que levariam dois séculos a gastar.
    Mas julgais que nisto se resume literatura portuguesa? Não Mil vezes não!
    Temos, além disto o Chianca que já fez rimas prá Aljubarrota que deixou de ser a derrota dos Castelhanos pra ser a derrota do Chianca.
    E as pinoquices de Vasco Mendonça Alves passadas no tempo da avózinha! E as infelicidades de Ramada Curto! E o talento insólito de Urbano Rodrigues! E as gaitadas do Brun! E as traduções só pra homem do ilustríssimos excelentíssimo senhor Mello Barreto! E o frei Matta Nunes Moxo! E a Inês Sifilítica do Faustino! E as imbecelidades do Sousa Costa! E mais pedantices do Argolas! E Alberto Sousa, o Argolas do desenho! E os jornalistas do Século e da Capital e do Notícias e do Paiz e do Dia e da Nação e da República e da Lucta e de todos, todos os jornais! E os actores de todos os teatros! E todos os pintores das Belas-Artes e todos os artistas de Portugal que eu não gosto. E os da Águia do Porto e os palermas de Coimbra! E a estupidez do Oldemiro César e o Dr. José de Figueiredo Amante do Museu e ah oh os Sousa Pinto hu hi e os burros de cacilhas e os menos do Alfredo Guisado! E (o) raquítico Albino Forjaz de Sampaio, crítico da Lucta a quem Fialho com imensa piada intrujou de que tinha talento! E todos os que são políticos e artistas! E as exposições anuais das Belas-Arte(s)! E todas as maquetas do Marquês de Pombal! E as de Camões em Paris; e os Vaz, os Estrela, os Lacerda, os Lucena, os Rosa, os Costa, os Almeida, os Camacho, os Cunha, os Carneiro, os Barros, os Silva, os Gomes, os velhos, os idiotas, os arranjistas, os impotentes, os celerados, os vendidos, os imbecis, os párias, os ascetas, os Lopes, os Peixotos, os Motta, os Godinho, os Teixeira, os Câmara, os diabo que os leve, os Constantino, os Tertuliano, os Grave, os Mântua, os Bahia, os Mendonça, os Brazão, os Matos, os Alves, os Albuquerques, os Sousas e todos os Argolas que houver por aí!!!!!!!!!
    E as convicções urgentes do homem Cristo Pai e as convicções catitas do homem Cristo Filho!...
    E os concertos do Blanch! E as estátuas ao leme, ao Eça e ao despertar e a tudo! E tudo o que seja arte em Portugal! E tudo! Tudo por causa do Argolas!
    Morra o Argolas, morra! Pim!
    Portugal que com todos estes senhores conseguiu a classificação do país mas atrasado da Europa e de todo o Mundo! O país mais selvagem de todas as Áfricas! O exílio dos degredados e dos indiferentes! A África reclusa dos europeus! O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a sua cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!
    Morra o Argolas, morra! Pim!