Meu caro anónimo,
Gostei da sua questão.
Para mim, a escrita de pessoa está muito acima do seu pensamento político. Algumas das suas palavras (Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Bernardo Soares etc.) têm uma dimensão e uma qualidade que está para além de qualquer rótulo político. Todavia, é verdade que as suas posições políticas iam ao encontro de algum “nacionalismo”, no entanto, o poeta defendeu sempre a liberdade de pensamento. Politicamente, ele pensou, mas nunca agiu. Na escrita poética foi brilhante. Gosto do poeta, não gosto das suas políticas (foram só ideias, nunca foi governante). Ainda hoje se discute o seu pensamento político. Teve várias fases. Era inconstante...
O italiano Brunello De Cusatis é considerado um dos grandes estudiosos do pensamento político do poeta. De forma muito resumida, considerava-o assim: “Durante algum tempo foi anticatólico e defensor de regimes autoritários, ainda que não totalitários (...) Pessoa não nutria simpatias pela ditadura salazarista, advogava, por outro lado, outra espécie de regime forte, mas com Estado mínimo, sem a intervenção estatal na vida do indivíduo e sem a coacção partidária.”
Raúl Morodo, catedrático de Direito Constitucional na Universidade Complutense de Madrid e ex-embaixador da Espanha em Portugal, considerou –o “um anarquista utópico de direita”
Cumprimentos
Nunca percebi porque há esta ideolatria ao único fascista assumido em Portugal.
Junto ao Pessoa, Salazar era um santo.