segunda-feira, dezembro 25, 2006
Dia de Natal...
É Dia de Natal

Chove. É dia de Natal.
Lá para o Norte é melhor:
Há a neve que faz mal,
E o frio que ainda é pior.

E toda a gente é contente
Porque é dia de o ficar.
Chove no Natal presente.
Antes isso que nevar.

Pois apesar de ser esse
O Natal da convenção,
Quando o corpo me arrefece
Tenho o frio e Natal não.

Deixo sentir a quem quadra
E o Natal a quem o fez,
Pois se escrevo ainda outra quadra
Fico gelado dos pés.


Fernando Pessoa
 
Postado por Rui Goulart em 12/25/2006 |


4 Comments:


  • 25 dezembro, 2006 18:31, Anonymous Anónimo

    Nunca percebi porque há esta ideolatria ao único fascista assumido em Portugal.
    Junto ao Pessoa, Salazar era um santo.

     
  • 26 dezembro, 2006 01:27, Anonymous Anónimo

    Meu caro anónimo,

    Gostei da sua questão.
    Para mim, a escrita de pessoa está muito acima do seu pensamento político. Algumas das suas palavras (Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Bernardo Soares etc.) têm uma dimensão e uma qualidade que está para além de qualquer rótulo político. Todavia, é verdade que as suas posições políticas iam ao encontro de algum “nacionalismo”, no entanto, o poeta defendeu sempre a liberdade de pensamento. Politicamente, ele pensou, mas nunca agiu. Na escrita poética foi brilhante. Gosto do poeta, não gosto das suas políticas (foram só ideias, nunca foi governante). Ainda hoje se discute o seu pensamento político. Teve várias fases. Era inconstante...

    O italiano Brunello De Cusatis é considerado um dos grandes estudiosos do pensamento político do poeta. De forma muito resumida, considerava-o assim: “Durante algum tempo foi anticatólico e defensor de regimes autoritários, ainda que não totalitários (...) Pessoa não nutria simpatias pela ditadura salazarista, advogava, por outro lado, outra espécie de regime forte, mas com Estado mínimo, sem a intervenção estatal na vida do indivíduo e sem a coacção partidária.”

    Raúl Morodo, catedrático de Direito Constitucional na Universidade Complutense de Madrid e ex-embaixador da Espanha em Portugal, considerou –o “um anarquista utópico de direita”


    Cumprimentos

     
  • 26 dezembro, 2006 10:35, Anonymous Anónimo

    tehma juizo...

    O Importante em Pessoa é beleza da sua poesia... Estou-me a cagar para o que homem pensava sobre a política... Ele até podia ser um Iluminista, mas aquilo que ele escreveu é universalista.

     
  • 26 dezembro, 2006 12:37, Anonymous Anónimo

    Errata:

    “têm uma dimensão e uma qualidade que estão (e não está) para além de qualquer rótulo político”