Com as comemorações do trigésimo aniversário da realização da primeira sessão legislativa da Assembleia Regional dos Açores, a comunicação social e opinion makers (basicamente estes e não acredito que muitos mais...) chamaram à "ordem do dia" temas como a importância da instituição representativa da Autonomia Regional, a sua eficácia, a sua missão. Enfim, temas que importa sempre reflectir e sublinhar, sobretudo, quando esta efeméride atinge um número redondo, assinalado com pompa e circunstância na sala de plenário.
No rescaldo, ficaram os directos, as reportagens de rádio, de televisão e dos jornais relativamente ao que foi a cerimónia e os discursos que mais ou menos a marcaram.
Tudo isto, para referir aquilo que me ficou de todos os relatos que ouvi, vi e li (por esta ordem mesmo). Marcaram-me, sobretudo, as declarações de Reis Leite, uma das mais emblemáticas figuras que passaram pela presidência da instituição, que concluia pela falta de cidadania que se assiste nos Açores relativamente à actividade política e aos próprios factos que marcam a autonomia.
Por outro lado, confesso que chorei a rir, quando um popular questionado pela RTP/A se sabia o que faziam os deputados na Assembleia, respondeu sorridente "que alguns estão lá a dormir, e outros acordados".
Ficou-me também no pensamento o "Contra Opinião" do Manuel Moniz, no Diário dos Açores de hoje, em que acrescenta "um pequeno detalhe" ao debate sobre a açorianidade e autonomia quando questiona sobre o que "está a falhar nesta coisa da açorianidade" ao indagar, por exemplo, "quantos dos deputados cantaram com afinco o Hino dos Açores".
O que me fica de tudo isto, é que a autonomia e a açorianidade, a cidadania para a autonomia, são questões que os próprios representantes democráticos devem fazer a si próprios e também à sociedade cívil, responsabilizando-nos a todos. O debate desta questão, que é bastante importante, para bem da nossa identidade deve começar já. E pode mesmo começar nos bancos de escola, lugar, onde, há anos, os responsáveis debatem a introdução da história dos Açores no curriculo de ensino.
Deixemo-nos de estudos e adiamentos, passemos a ser açorianos de facto.
Na realidade o que falta à Autonomia é cumpri-la. Isto é, fazer dela uma questão de todos os açorianos e fazer com que estes se sintam parte dela. Os açorianos não podem continuar a olhar a instituição autonómica como olham para a Comissão Europeia ou para o Parlamento Europeu, ou seja, algo distante e que nada tem a ver connosco. Cabe à classe dirigente contribuir para que isto não continue a contecer...