09 abril, 2007 09:43, jocaferro
1. Durante muito tempo foi dito que a forma corre(c)ta era /pudíco/, ou seja, tratava-se de uma palavra grave, não sendo, por isso, acentuada graficamente (note-se que a outra forma – «púdico» –, sendo esdrúxula, deve ser acentuada graficamente). Essa seria a forma gramatical, até porque a palavra provinha da forma latina "pudīco", em que a vogal i era longa. De fa(c)to, quase todos os dicionários nas suas edições mais recentes atestam apenas a forma /pudíco/, grafada como pudico. A excepção vai para o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, da Academia das Ciências de Lisboa, que atesta ambas.
Apesar disto, o uso da língua dá-nos como mais frequ[ü]ente a forma púdico. Pouca gente, por muito escolarizada que seja, reconhecerá «pudico» como a palavra sinó[ô]nima de «tímido».
Assim, apesar de a forma gramaticalmente aceite ser «pudico», não me parece absurdo utilizar a outra variante («púdico») para designar «aquele que tem pudor».
In Ciberdúvidas da língua portuguesa
09 abril, 2007 11:10, Rui Lucas
Mantenho o que disse, meu caro Jocaferro. Mas admito que a palavra "púdico" se imponha definitivamente. A Língua Portuguesa evolui, muitas vezes, ao arrepio do que defendem os especialistas. Só que vou continuar a escrever pudico e corrigir quem diz "púdico".
Acho que tudo isto é deturpar a nossa Língua. Veja-se o exemplo - este sim bem grave - da palavra despoletar, que significa anular algo. O sentido dessa palavra está totalmente deturpado, visto que é usada para dizer precisamente o contrário.
Podes chamar-me conservador ou mesmo reaccionário. Em relação ao Português é o que realmente sou.
Um abraço
09 abril, 2007 14:33, jocaferro
Nesse aspecto também sou um pouco reaccionário, mas não me chateio muito com o que os outros dizem/escrevem. De vez em quando mando uma farpa (cuidado com o sentido...) a quem tenta corrigir com uma asneira maior como muitas vezes acontece. Não foi este o caso e a minha intervenção foi mais a título de curiosidade.
09 abril, 2007 14:51, jocaferro
Quanto a despoletar sem dúvida que é mal aplicado quando com o sentido de iniciar algo quando significa exactamente o contrário. Este tema dava para um tratado!
Na maioria dos casos tanto o púdico como o despoletar, mesmo errados, chegam ao receptor tal como o emissor quis transmitir. Como sabes, este é o primordial factor em qualquer linguagem.
Irá a língua portuguesa evoluir neste sentido?
Talvez. Infelizmente.
@braço.
(Um comentário fora de contexto)
Meu caro Rui Lucas, o Rocha dos Bordões não ficou moribundo, apenas foi transferido para ailhadasflores.blogspot.com