terça-feira, janeiro 30, 2007
Discurso (do) pobrezinho

O presidente do governo regional congratulou-se com a taxa de crescimento do PIB dos Açores entre 2000 e 2003, que foi quatro vezes superior à média nacional naquele período. Estas afirmações são bem demonstrativas de falta de ambição e manipulação na leitura dos números.

Há falta de ambição porque o que interessa é ficarmos só um pouquinho menos pobres em relação ao país, mesmo que estejamos cada vez mais longe da Europa. O PIB per capita dos Açores, que representava 68 por cento da média da União Europeia em 2002, desceu para 63 por cento em 2004. Mas o que é que isso interessa, se até convergimos, entre 2000 e 2003, com o PIB per capita de um país em "crise continuada"?

Há manipulação na leitura dos números, pois o presidente do governo regional omitiu que a Região está divergir da Europa desde 2003 e "esqueceu" as estatísticas de 2004, que também estão disponíveis no mesmo documento do INE (todos estes números estão na página 17 do PDF). Nesse documento pode ler-se também que o PIB per capita dos Açores, que representava 88 por cento do mesmo indicador a nível nacional em 2003, mantém-se em 2004 exactamente na mesma. Ou seja, representa uma coisa chamada estagnação.

Enfim, este discurso do pobrezinho é bom para aqueles que não têm ambição, ficam satisfeitos com pouco e, pelos vistos, não conseguem ler a totalidade de um documento simples de analisar.

 
Postado por Rui Lucas em 1/30/2007 |


14 Comments:


  • 30 janeiro, 2007 18:19, Anonymous Anónimo

    Qual será o post de resposta de Nuno Mendes?

     
  • 30 janeiro, 2007 19:00, Blogger nuno mendes

    Caro JAJ,

    isto não é um campeonato. eu tenho sentido de humor. o lucas gosta de "hard news". ahahah!

     
  • 30 janeiro, 2007 19:13, Blogger Rui Lucas

    Até podia ser o campeonato do número de comentários suscitados pelos posts. Mas esse parece que está a ser ganho pelo Mendes.

     
  • 30 janeiro, 2007 19:46, Blogger Rui Lucas

    Caro senhor "Luis Cabral", estou cá há seis anos, quatro meses e 24 dias. Aceito que seja um energúmeno, mas não tolero a sua falta de rigor. Eheh!

     
  • 30 janeiro, 2007 20:36, Anonymous Anónimo

    Quanto tempo é necessário estar cá para receber esse diploma de conhecedor da realidade Açoriana?

     
  • 31 janeiro, 2007 00:55, Anonymous Anónimo

    por este andar não tarda a ser revogada a lei de finanças regionais, afinal tava tudo a enriquecer e não se deu por nada!
    Já este Cabral só encontra uma resposta para a objectividade, a intolerancia. Grande socialista!
    Se alguem souber há quantos anos o INE veio viver para os açores eu gostava de lhe perguntar se esse pessoal percebe alguma coisa disto.
    ahh, e se por acaso alguem sabe dar resposta ao crescimento do PIB naqueles anos, hummm, e que tal saber-se o porquê?, tipo: será que o betão tem alguma coisa a ver com isso ou não?

    O assessor do POVO.

     
  • 31 janeiro, 2007 01:04, Anonymous Anónimo

    rumble in the jungle!

     
  • 31 janeiro, 2007 07:52, Blogger Rui Goulart

    Caro e amigo Rui Lucas

    Não venho defender o Governo, até porque ele não precisa de mim para isso e nem me apetece, mas sim defender –me. Fiz a totalidade dos trabalhos nesta matéria (para a RDP) e senti-me “picado” com o teu texto. Posso-te garantir que li o documento todo, mais do que uma vez.
    É verdade que a região cedeu na convergência europeia, á semelhança do país, mas ganhou nas outras frentes.

    Exemplos:

    Mais produtividade
    Mais PIBpc entre 2000 e 2003
    Mais rendimento das famílias
    Mais taxa de investimento
    Mais contribuição para a riqueza do país
    Um crescimento superior, mesmo com uma inflação mais alta.
    Etc.

    Não é bom crescer, mesmo que seja pouco? Primeiro é preciso colocar a região dentro do país.

    Lembrava ainda que a conta de 2004 não está fechada, é apenas uma previsão (isto quanto aos 88% de PIB). Recordo também, que o ano passado foi feita uma revisão em baixa em 2003 e agora verificou-se que estava errada.

    Apesar de uma descida no capitulo da convergência europeia (QUE ACONTECEU COM TODO O PÁIS E TODAS AS REGIÕES), penso que não há razão para a “fúria” deste post”

    E tu sabes, Rui, que o PSD faria igual. É política meu caro sócio. E neste caso, o executivo têm muitas armas. Não podes só com uma arma (convergência europeia) matar todos os outros saldados que têm nota positiva.

    Isto foi apenas uma “discussão” entre dois jornalistas, coisas que acontecem muitas vezes nas redacções. A forma como abordar a notícia.

    Abraço sempre amigo!.

    Ps- Desculpem as gralhas mas estou a acordar.

     
  • 31 janeiro, 2007 08:09, Anonymous Anónimo

    Gostava de conhecer os dados por ilha.

     
  • 31 janeiro, 2007 11:11, Anonymous Anónimo

    No que se refere, à Taxa de Investimento Aparente2 em 2003, verificou-se que as regiões de Lisboa e do Norte,
    apesar de terem sido as que mais contribuíram para a FBCF e PIB do país, foram aquelas que apresentaram uma
    proporção de riqueza investida abaixo da média nacional. Por outro lado, a RAA destaca-se por apresentar a maior
    taxa de investimento, 49%, seguida das regiões do Algarve e do Alentejo, ambas com uma proporção de riqueza
    investida de cerca de 33%. Nesse ano, aquele indicador para o país situou-se em 26%, havendo uma perda de 5 p.p.
    na proporção de riqueza investida face a 2000.

     
  • 31 janeiro, 2007 11:12, Anonymous Anónimo

    No que se refere, à Taxa de Investimento Aparente2 em 2003, verificou-se que as regiões de Lisboa e do Norte,
    apesar de terem sido as que mais contribuíram para a FBCF e PIB do país, foram aquelas que apresentaram uma
    proporção de riqueza investida abaixo da média nacional. Por outro lado, a RAA destaca-se por apresentar a maior
    taxa de investimento, 49%, seguida das regiões do Algarve e do Alentejo, ambas com uma proporção de riqueza
    investida de cerca de 33%. Nesse ano, aquele indicador para o país situou-se em 26%, havendo uma perda de 5 p.p.
    na proporção de riqueza investida face a 2000.

     
  • 31 janeiro, 2007 12:12, Blogger jocaferro

    Destas coisas não percebo patavina pelo que deixo para os outros.
    No entanto, seguindo um raciocínio extremamente simples, se a taxa de crescimento na RAA foi 4 vezes superior à do resto do país "em crise continuada", parece-me que é bom. Ou não será?
    Como já disse, não percebo nem quero perceber nada destes assuntos mas concluo que por cá não houve "crise continuada". Isto também é bom, ou não?

     
  • 31 janeiro, 2007 12:50, Blogger Rui Lucas

    Caro amigo e sócio Goulart:

    "É verdade que a região cedeu na convergência europeia". É exactamente isso que me preocupa, porque é, de longe, o dado mais importante. Foi apenas isso que quis expor no meu post, já que o governo regional omitiu esse facto. Quanto à forma de abordar a notícia só posso dizer que cada um pega pelo ângulo que quer, desde que apresente os dados todos.

     
  • 31 janeiro, 2007 12:55, Anonymous Anónimo

    Das restantes regiões, destaca-se a RAA que, embora tenha registado a maior taxa de crescimento do PIB (7,0%) e
    uma taxa de crescimento significativa do seu Rendimento Primário (5,6%), regista nesse período um crescimento do
    Rendimento Disponível (4,9%) inferior ao da região de Lisboa (5,3%).
    Isto quer dizer q?...