quinta-feira, março 09, 2006
mais vale tarde que nunca...
Os contribuintes portugueses, dentro de pouco tempo, vão pagar à Air Luxor uma avultada indemnização por causa do afastamento ilegal da companhia no concurso para o transporte aéreo de passageiros. O Supremo Tribunal Administrativo deu razão à companhia da família Mirpuri e fica agora, definitivamente comprovado, que os açorianos estão a pagar pelas viagens aquilo que estão a pagar porque um núcleo pequeno de políticos decidiu subverter as regras da economia.Ficamos todos à espera de mais um discurso do presidente açoriano a dizer que o que o preocupa é a lei e o cumprimento da lei e que ninguém está acima da lei. E esperemos para ver o que tem a Comissão Europeia a dizer sobre esta violação grosseira do direito comunitárioe este arranjinho de corredores que faz com que todos os açorianos paguem mais do que o necessário para alimentar artificialmente uma empresa que apenas serve para ser utilizada como braço político. Na outra discussão que por aí anda, cá vai mais um elemento: amigos terceirenses, sabem porque é que os números de entradas estão como estão? Entre outras coisas, porque o governo regional decidiu proteger um monopólio sacrificando o desenvolvimento colectivo.
É bom que se diga mais uma coisa. Houve um grupo de jornalistas no arquipélago que foi perseguido e prejudicado profissionalmente por elementos da Secretaria da Economia e da Sata Air Açores aquando de todo este processo. Houve, é bom que se diga, jornalistas perseguidos, empresas de comunicação social a quem foram retirados contratos por pura retaliação e houve até alguns que andaram por aí a insinuar que os jornalistas que tratavam o assunto eram avençados da Air Luxor. O Supremo Tribunal Administrativo deu-lhes, agora, uma resposta à altura e é bom que se comecem a desfazer alguns mitos como essa dos jornalismo avençado. Aliás, o governo regional tem ao seu serviço mais jornalistas avençados do que muitos órgãos de comunicação social do arquipélago.
ps - ainda sobre este assunto, é pena que o André tenha apagado o "Não m'acredito". Por lá, estão uns posts e uns comentários sobre este assunto que, lidos hoje, eram capaz de o fazer corar de vergonha e engolir o computador peça a peça. O passado é, realmente, uma chatice.
 
Postado por nuno mendes em 3/09/2006 |


2 Comments:


  • 10 março, 2006 12:21, Blogger nuno mendes

    Caro manuel reis,
    A Hifly não fez nada à Madeira. Saiu do mercado e não me parece que a região tenha sofrido muito com isso ou será que a Madeira está sem ligaçõpes aéreas e ainda ninguém deu por nada?
    Aliás, quem ficou a ganhar foram a Sata e a Tap que ficaram com um mercado maior.

     
  • 10 março, 2006 18:02, Blogger Andre Bradford

    Caro Nuno, como sei que gostas particularmente deste assunto e porque me lembro da cobertura jornalística que então foi feita sobre ele, não te deixo sem resposta. E nem é preciso o Não M'Acredito porque as minhas posições são as mesmas.

    1º A Air Luxor - agora Hifly ( e olha que a mudança de nome não tem nada a ver com a internacionalização da marca, mas antes com... é só procurar saber) - apresentou as suas razões em Tribunal. Perdeu noutras instâncias e ganhou agora na instância máxima. Isto são factos.
    2º A minha opinião sobre a matéria sempre foi que o serviço de transporte aéreo de passageiros é fundamental para uma Região como a nossa, marcada por uma profunda descontinuidade territorial e por uma reduzidíssima escala de mercado.
    3º Sendo assim, as obrigações de serviço público são um garante indispensável para a mobilidade dos açorianos, de todas as ilhas, em todas as circunstâncias.
    4º Este entendimento a Air Luxor não tem, nem nunca terá. É uma empresa mercenária, que entra e sai dos mercados conforme o cash-flow, que se estende da Jordânia ao Paquistão, passando por alguns paraísos fiscais, com uma lógica charter levada ao extremo.
    5º Por isso, sempre advoguei que seria óptimo a Air Luxor estragar a sua eficácia, competência e capacidade noutro mercado qualquer.
    6º Esta minha opinião nada tem a ver com os factos que estão na base da decisão do Supremo Tribunal Administrativo. É a minha opinião, a opinião de alguém que sabe que o mercado aberto, puro e duro, é uma faca de dois gumes em certos sectores e em certos contextos, e que não sente náuseas cada vez que ouve a palavra "Estado".
    Abraços