quarta-feira, janeiro 25, 2006
jovens
O Guilherme Marinho questiona as elevadas taxas de abstenção registadas nos Açores adicionando a apatia com que os jovens do arquipélago têm olhado para os sucessivos actos eleitorais. Pede, até, que o parlamento elabora um estudo sobre o assunto (o que é como o código postal, ou seja, meio caminho andado para não se chegar a conclusão nenhuma).
A resposta, na minha modesta opinião (e que não vale mais do que as outras), e partindo de alguns casos que conheço, pode ser encontrada de diversas formas:
1 - muitos nem sequer estão recenseados.
2 - a última coisa que querem é ouvir falar de políticos e de política.
3 - pensam, genericamente, que as políticas de juventude se resumem a uns passeios (no passado) e a umas salas de internet (no presente).
4 - Não estão minimamente preocupados com política e nem sequer consideram que a política seja muito importante para as suas vidas.

Estes quatro motivos são apenas alguns, provavelmente os mais óbvios. Mas, a verdade é que o discurso político e a forma como a comunicação política tem sido feita nos últimos anos parecem destinados a afastar cada vez mais os cidadãos (jovens e não jovens) da política. A introdução dos conceitos de claque organizada na discussão pública, o tratamento dado a todos aqueles que se atrevem (mesmo que dentro da máquina) a dar-se ao trabalho de pensar e a questionar alguns procedimentos, e a convicção absoluta (mesmo que, por vezes, injusta) de que os políticos tratam mais do seu próprio futuro do que do bem comum são motivos suficientes para justificar este afastamento das urnas.
No entanto, convém recordar que nas autárquicas e nas regionais (as eleições mais próximas dos açorianos) a abstenção desce significativamente. Convém dizer (eu sei que parece preconceito) que a má qualidade (para não dizer nula) do trabalho parlamentar, e a total ausência da Assembleia Regional das preocupações do dia a dia também serve para este gradual distanciamento.
O futuro, inevitavelmente, não vai trazer jovens diferentes. Mas eu ainda tenho alguma esperança que possa trazer formas de política diferentes. E, acima de tudo, políticos diferentes.
 
Postado por nuno mendes em 1/25/2006 |


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