A liberalização do mercado de telecomunicações nunca chegou aos Açores. No continente, embora lenta, a referida liberalização já começa a dar os seus frutos: chamadas mais baratas, internet a preços cada vez mais acessíveis e maiores velocidades na transferência de dados. Mesmo não sendo um entendido na área (bem longe disso) tenho observado a concorrência movida à PT pelos privados, nomeadamente as empresas da Sonaecom,
Clix e
Novis. A última oferta destes consiste em ter telefone (sem a maldita assinatura) e internet até 16Mbps por €34,90. É mais ou menos o mesmo que os utentes do Sapo 2Mbps pagam, sem contar, é claro, com a assinatura telefónica. Ora, por este andar, um cenário destes é impossível nos Açores. Embora venhamos a beneficiar, mais cedo ou mais tarde, da resposta da PT à concorrência, nunca teremos alternativa a esse "monstro", criado, em parte, com o dinheiro de todos os portugueses. Sempre podem dizer que existe a NetCabo, cujo fornecedor na Região é CaboTV Açoreana, pertencente, para não variar, à PT. Só que esses nem sequer conseguem assegurar um bom serviço de televisão por cabo, logo é me difícil confiar neles para aceder à internet - e os preços também deixam muito a desejar. Para o mero curioso que sou o problema passa muito pela questão do cabo de fibra óptica que liga os Açores ao continente. O
Nuno Barata tentou levantar esse assunto no
Língua Afiada da semana passada e espero que o retome. Mais de metade do custo da criação dessa infra-estrutura foi suportado por dinheiros públicos, mas é à PT que pertence e esta dá-lhe o uso que quer e fixa os preços que bem entende. Se no continente a verdadeira concorrência só começa a surgir graças a grandes investimentos do operadores privados em redes próprias - usar a rede da PT é para esquecer, tais são as dificuldades que o "monstro" impõe -, por cá isso não se perspectiva, devido aos custos de utilização do cabo de fibra óptica. E não é com "esmolinhas", como a de tornar locais todas as chamadas feitas no arquipélago (Julho de 2003), que isto melhora. Aliás, se esse cabo fosse propriedade do Estado (ou da Região) a questão do acesso aos canais de televisão nacionais há muito que estaria resolvida. Para não me "esticar" mais termino com um desejo: ver a ONIAÇORES (detida pela ONI e EDA) apostar na tecnologia Powerline, que permite a utilização da rede eléctrica para telecomunicações. Não será a cura para todos os males, mas sempre é uma alternativa para os consumidores.
Devemos esse monopólio a Cavco Silva, esse e outros que nos estão a comer a pionha e a impedir o verdadeiro desenvolvimento. A questão do Cabo de fibra óptica é sempre recuperável. Mas será que os Açorianos estão preocupados com isso?