quarta-feira, novembro 16, 2005
Monopólio hipoteca futuro
A liberalização do mercado de telecomunicações nunca chegou aos Açores. No continente, embora lenta, a referida liberalização já começa a dar os seus frutos: chamadas mais baratas, internet a preços cada vez mais acessíveis e maiores velocidades na transferência de dados. Mesmo não sendo um entendido na área (bem longe disso) tenho observado a concorrência movida à PT pelos privados, nomeadamente as empresas da Sonaecom, Clix e Novis. A última oferta destes consiste em ter telefone (sem a maldita assinatura) e internet até 16Mbps por €34,90. É mais ou menos o mesmo que os utentes do Sapo 2Mbps pagam, sem contar, é claro, com a assinatura telefónica. Ora, por este andar, um cenário destes é impossível nos Açores. Embora venhamos a beneficiar, mais cedo ou mais tarde, da resposta da PT à concorrência, nunca teremos alternativa a esse "monstro", criado, em parte, com o dinheiro de todos os portugueses. Sempre podem dizer que existe a NetCabo, cujo fornecedor na Região é CaboTV Açoreana, pertencente, para não variar, à PT. Só que esses nem sequer conseguem assegurar um bom serviço de televisão por cabo, logo é me difícil confiar neles para aceder à internet - e os preços também deixam muito a desejar. Para o mero curioso que sou o problema passa muito pela questão do cabo de fibra óptica que liga os Açores ao continente. O Nuno Barata tentou levantar esse assunto no Língua Afiada da semana passada e espero que o retome. Mais de metade do custo da criação dessa infra-estrutura foi suportado por dinheiros públicos, mas é à PT que pertence e esta dá-lhe o uso que quer e fixa os preços que bem entende. Se no continente a verdadeira concorrência só começa a surgir graças a grandes investimentos do operadores privados em redes próprias - usar a rede da PT é para esquecer, tais são as dificuldades que o "monstro" impõe -, por cá isso não se perspectiva, devido aos custos de utilização do cabo de fibra óptica. E não é com "esmolinhas", como a de tornar locais todas as chamadas feitas no arquipélago (Julho de 2003), que isto melhora. Aliás, se esse cabo fosse propriedade do Estado (ou da Região) a questão do acesso aos canais de televisão nacionais há muito que estaria resolvida. Para não me "esticar" mais termino com um desejo: ver a ONIAÇORES (detida pela ONI e EDA) apostar na tecnologia Powerline, que permite a utilização da rede eléctrica para telecomunicações. Não será a cura para todos os males, mas sempre é uma alternativa para os consumidores.
 
Postado por Rui Lucas em 11/16/2005 |


5 Comments:


  • 16 novembro, 2005 10:36, Blogger Nuno Barata

    Devemos esse monopólio a Cavco Silva, esse e outros que nos estão a comer a pionha e a impedir o verdadeiro desenvolvimento. A questão do Cabo de fibra óptica é sempre recuperável. Mas será que os Açorianos estão preocupados com isso?

     
  • 16 novembro, 2005 11:39, Blogger Rui Lucas

    Se não estão, deviam estar!

     
  • 16 novembro, 2005 15:16, Blogger Rui Lucas

    Lentes? Não percebi. Sei muito bem que algumas das novas ofertas isentas de assinatura têm letras miudinhas. Por exemplo, impõem um consumo mínimo mensal. Mas isso sempre é melhor que a assinatura propriamente dita, que, espero eu, acabará um dia destes por ser transformada em crédito de chamadas. Mas preocupa-se mais a Internet, pois dispenso o telefone vulgar. Prefiro a tecnologia VOIP (Voice Over Internet Protocol).Já agora, a quem tenho o prazer de estar a responder?

     
  • 16 novembro, 2005 21:17, Blogger Unknown

    Quero ver ligações à net decentes a preços de decentes, nos Açores.
    Quero ver acabado o monopólio da Sata nas ligações aéreas.
    Quero ver concorrência à Cabo TV Açoriana.
    Quero ver transportes marítimos decentes todo o ano nesta região.
    "Já queres ver demais", dizem-me uns. "Nós também", dizem-me outros.
    Também vou querer ir vendo o desempenho desta sociedade anónima. Sem expectativas nem desconfianças à partida. Estou simplesmente curioso.

     
  • 17 novembro, 2005 20:54, Blogger Paulo Pacheco

    O homem "choque tecnologico" já era...
    já se foi.
    Agara vem mais um... economista!
    Definitivamente não será desta que iremos lá!